Um novo áudio revelado pela coluna de Paulo Capelli, do Metrópoles, mostra o deputado federal André Janones pedindo que os servidores depositem uma quantia dos seus respectivos salários para bancar a campanha eleitoral do seu grupo político.
A nova gravação foi divulgada um dia após um outro áudio mostrar um suposto esquema de rachadinha em que Janones cobra dinheiro dos funcionários para bancar gastos de uma campanha anterior.
“Eu pensei de a gente fazer uma vaquinha entre nós, e aí nós vamos decidir se vai ser R$ 50, se vai ser R$ 100, R$ 200, se cada um dá proporcional ao salário. Se cada um der R$ 200 na minha conta, vai ter mais ou menos R$ 200 mil para a gente gastar nessa campanha”, disse o parlamentar nesta segunda gravação.
“Como nós não vamos ser corruptos, não vamos aceitar cargos, como a gente não vai ceder a essas coisas e a gente precisa de dinheiro pra fazer campanha, qual é a minha sugestão? Vamos dividir o valor entre nós, inclusive eu. Isso é, todos. E isso é legal”, acrescentou.
“Às vezes, você confunde isso com devolver salário. Devolver salário é você ficar lá na sua casa dormindo, me dá seu cartão, todo mês eu vou lá e saco e deixo só um salário pra você. Isso é devolver salário”, completou o deputado federal, mencionando a prática conhecida como rachadinha.
“A gente começa uma vaquinha já no primeiro mês do salário para a gente disputar as eleições de 2020 com o básico pelo menos”, disse o deputado.
A gravação foi feita em 2019, sem o conhecimento de Janones, numa sala do Avante na Câmara dos Deputados, e ocorreu na mesma reunião em que ele havia falado sobre o suposto esquema de rachadinha que veio à tona ontem.
Rachadinha de Janones
O primeiro áudio revelado pelo Metrópoles mostra o deputado federal André Janones cobrando a devolução de parte dos salários de servidores para pagar despesas pessoais. A prática é conhecida como rachadinha e configura enriquecimento ilícito.
“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais e elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha”, diz Janones.
“‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser. E isso são apenas algumas pessoas que eu confio e que participaram comigo em 2016 e acho que elas entendem que meu patrimônio foi todo dilapidado”, continuou.
“Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”, contou o parlamentar.
O que diz Janones?
Sobre o primeiro áudio, revelado ontem, André Janones afirmou que a gravação foi tirada de contexto para tentar imputar a ele um crime que não cometeu.
“Essas denuncias vazias nunca se tornaram uma ação penal ou qualquer processo, por não haver materialiade. Não são verdade, e sim escândalos fabricados”, disse ele, denunciando que a extrema direita estaria orquestrando um ataque em massa.
“No mais, repito eu NUNCA recebi um único real de assessor, não comprei mansões, nem enriqueci e isso por uma simples razão, EU NUNCA fiz rachadinha”, disse.
A respeito do segundo áudio, publicado nesta terça-feira, ele diz que a captura foi feita de forma criminosa e que a gravação corrobora a história de que nunca existiu esquema de rachadinha.
“Era uma conversa com amigos (meu grupo político) e eu sugiro inclusive uma vaquinha/caixinha para bancar A CAMPANHA DELES em 2020”, escreveu Janones em uma rede social.
“Era uma sugestão, apesar de legal nunca passou de uma sugestão, na sugestão cada um poderia contribuir com o valor que quisesse, todos tinham opinião e a possibilidade de decidir valor e se contribuiria ou não”, acrescentou.
“A sanha para tentar arranhar a minha imagem foi tanta, que usaram um trecho de áudio que me inocenta. Mantenho a postura que eu tinha nessa fala: eu nunca vou ceder a corrupção, ninguém nunca vai me comprar”, concluiu. (NE 10)
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