Foto: Carol Dantas
Na última sexta-feira (30) e no sábado (1º), o coletivo Espaço e Resistência realizou a segunda edição do Festival Sertão Alternativo, que colocou nas ruas de Afogados da Ingazeira shows abertos de música, oficinas, rodas de diálogo, exposições e performances. Com o objetivo de valorizar a cena cultural e artística independente do interior do estado, o festival promoveu intercâmbios culturais e deu visibilidade a artistas e suas produções autorais. Cerca de mil pessoas participaram das diversas atividades do evento nos dois dias.
Entre os principais destaques da programação deste ano esteve a abertura musical com Coco Raízes do Caroá (Carnaíba), mantendo a tradição e valorizando a produção do povo quilombola. Nas duas noites, marcaram presença e deram shows as bandas de artistas que compõem o Coletivo Mangaio: Tiboa (São José do Egito), Sipesca (Serra Talhada), Arte Mambembe (São José do Egito), A Dobra (Serra Talhada), Ambrosino (Triunfo), 1000KLRAP (Afogados da Ingazeira), Sertão Esquema Noise (Afogados da Ingazeira). O Mangaio é a união dos principais coletivos das cidades do Sertão do Pajeú e, consequentemente, é também uma instituição responsável por grande parte da movimentação político-cultural desse contexto.
As presenças dos cantores Cannibal, da banda Devotos, e Flaira Ferro, ambos da capital pernambucana, também foram destaque nesta edição do Sertão Alternativo. Cannibal participou de uma roda de diálogo sobre a música underground em Pernambuco, lançou seu livro “Música para o povo que não ouve” e fez participações especiais nos shows de Flaira Ferro e da banda Sertão Esquema Noise. Já a cantora, além do seu show de vasto repertório e performances, conduziu uma oficina de Frevo e participou de uma roda de diálogo na República Feminista de Afogados da Ingazeira sobre os desafios e o protagonismo da mulher no Sertão.
A poesia também não ficou de lado na região dos poetas pernambucanos. Claudia Dalla Nora, Clarissa Siqueira e Giuseppe Mascena declamaram no palco alguns de seus escritos. Jéssica Caitano integrante da formação original da banda Radiola Serra Alta, também marcou presença com seus poemas ativistas e marcantes, bem como as meninas do Slam das Minas, que levantaram o público ao falar de respeito, liberdade, direitos e o poder da mulher.
O Sertão Alternativo também promoveu uma oficina de escrita memorialística, com o antologista Stefanni Marion e outra sobre produções minimalistas com o escritor Fred Caju. Além disso, durante todo o evento houve uma exposição chamada “Distorções e mau contato” do artista plástico Apuã e, na segunda noite, Gi Vatroi fez a performance “Reflexo encarnado”.
A movimentação econômica da cidade também foi intensa, com a vinda do público de diversas cidades vizinhas para o festival. De acordo com os realizadores do evento, esta segunda edição mostrou que o festival está crescendo – tanto pelas atrações expressivas, quanto pela movimentação do público. “Estamos satisfeitos e muito realizados em poder fazer a segunda edição do Sertão Alternativo ser ainda maior que a primeira, e tudo de forma independente”, afirmou Laeiguea Bezerra, presidente do coletivo Espaço e Resistência, realizador do evento. “Já começamos a elaborar a edição de 2019. Vamos buscar apoios e parcerias ainda maiores, com o Governo do Estado e Fundarpe, por exemplo. É de interesse de todos nós valorizar a cultura, o Sertão, a diversidade musical da nossa terra e promover intercâmbios culturais”, finaliza. Fotos abaixo: Cláudia Dalla Nora
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