Cerca de 180 executivos de duas empresas chinesas envolvidas no desenvolvimento de possíveis vacinas contra covid-19 no país asiático testaram os antígenos antes da aprovação dos testes clínicos em humanos para “liderar pelo exemplo”, publicou nesta quarta-feira (7) o jornal South China Morning Post.
O vice-presidente do Grupo Nacional de Biotecnologia da China (CNBG, uma subsidiária da farmacêutica estatal Sinopharm), Zhang Yuntao, disse em declarações citadas pelo jornal: “Temos muita confiança em nossas vacinas. Somos responsáveis pelo seu desenvolvimento e temos de dar o exemplo, por isso testamos as vacinas no nosso próprio corpo”, afirmou.
A decisão foi tomada em março, dias antes das autoridades do país autorizarem os testes clínicos em humanos das vacinas de ambas as empresas, apesar dos protocolos farmacêuticos modernos que consideram antiético uma empresa testar seus medicamentos nos próprios funcionários.
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Os testes incluíram o presidente da Sinopharm, Liu Jingzhen, e o presidente do CNBG, Yang Xiaoming, além de Zhang.
O número dois da empresa explicou que não foi possível verificar diretamente a eficácia da vacina – na China a epidemia está sob controle, a julgar pelo relaxamento das medidas preventivas e dos números oficiais – mas que participaram de comparações de níveis de anticorpos com pacientes recuperados da covid-19.
“Os níveis de anticorpos são mais elevados (com a vacina) e sua duração é maior”, disse Zhang, lembrando como obteve o “braço azul” devido aos vários exames de sangue a que foi submetido.
O diretor do CNBG frisou que serão necessários mais testes e controle dos dados da experiência antes de sua aprovação para uso generalizado, e mesmo depois disso será necessário um “acompanhamento contínuo”.
As duas vacinas do CNBG são baseadas em versões inativadas do vírus, uma técnica tradicional usada por muito poucos dos quase 200 candidatos em todo o mundo – dos quais 11 estão na terceira e última fase de testes clínicos – e, por isso, receberam algumas críticas no exterior.
As vacinas do CNBG foram administradas a cerca de 350 mil pessoas na China como parte de um programa de uso de emergência, e a empresa diz que os resultados foram satisfatórios, sem efeitos colaterais graves.
De fato, recentemente Zhang disse que “está sendo muito difícil desenvolver as vacinas, assumindo todos os riscos e resistindo aos ataques e difamações dos Estados Unidos”, e reiterou sua oferta de cooperar internacionalmente para desenvolver um remédio contra a pandemia.
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