Então resolvi pôr tudo para fora. Eu disse: “Confessarei todos os meus pecados ao Eterno”. De repente, a pressão foi embora – minha culpa evaporou, meu pecado desapareceu. (Sl 32.5)
Não se passa diretamente do pecado ao perdão. O perdão existe. E ai de nós se ele não existisse. O perdão retira um fardo de sobre as costas que ninguém suporta. Só o perdão pode levantar a mão de Deus que pesa dia e noite sobre aquele que está em pecado. O perdão acaba com o senso de culpa, com os pesadelos, com a agitação nervosa, com o sobressalto. O perdão restaura a saúde e o bom humor. O perdão devolve a alegria que o pecado roubou.
Mas há um problema muito sério, impossível de ser contornado. É que entre o pecado e o perdão há uma passagem obrigatória que se chama arrependimento. Deus não autoriza ninguém a falar em perdão sem falar antes em arrependimento. Tanto João Batista, o precursor, como Jesus, o precursado, iniciaram a oração com este apelo: “Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3.2; 4.17). Quando a multidão, que estava em Jerusalém no dia de Pentecostes, perguntou aos apóstolos o que deveriam fazer frente à forte convicção de pecado que tomou conta deles, Pedro respondeu de imediato: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).
Sem arrependimento o perdão não acontece. Perdão sem arrependimento estimula o próximo pecado e gera cinismo. Perdão sem arrependimento não cura ninguém, não transforma ninguém. Perdão sem arrependimento não torna ninguém ex-assassino, ex-assaltante, ex-idólatra, ex-avarento, ex-adúltero, ex-sodomita. Perdão sem arrependimento pode encher os templos religiosos, mas não enche a igreja do Deus vivo. Perdão sem arrependimento é uma blasfêmia contra a santidade de Deus.
Retirado de Cuide das Raízes, Espere pelos Frutos, [Elben César]. Editora Ultimato.
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