Tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu santo sofra decomposição. (Sl 16.10)
Logo após a morte começa o processo de decomposição do corpo, também chamado de corrupção ou putrefação. É a decomposição das matérias orgânicas pela ação das enzimas microbianas. O processo é irreversível e só termina quando nada mais sobra senão o chamado pó da morte (Sl 22.15). É uma volta à origem: “Você é pó e ao pó tornará” (Gn 3.19). O processo da decomposição é oposto ao processo da formação da vida no útero materno. Enquanto este não gasta mais de nove meses, aquele não tem duração certa e, via de regra, dura muito mais tempo, exceto quando o corpo é cremado e transformado em cinzas, e em outras circunstâncias não normais.
A rudeza dessas lembranças, das quais ninguém pode fugir, põe no mais alto relevo a esperança do salmista: “Por isso [porque sempre tenho o Senhor diante de mim] o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará tranquilo, porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu santo sofra decomposição” (Sl 16.9-10).
A esperança do salmista não repousa exclusivamente no afastamento da morte, mas também na intervenção sobrenatural da graça de Deus, que o arranca dos aguilhões da morte depois de sua vitória temporária (Os 13.14). Tanto Pedro quanto Paulo aplicam essa palavra do salmista a Jesus, cujo corpo não foi retido pela morte (At 2.25-28; 13.35).
Retirado de Um Ano com os Salmos [Elben César]. Editora Ultimato.
Deixe seu comentário: