Romanos 9.33; 1 Coríntios 3.21-22
Os dois tipos de religião, o não natural e o natural, estão personificados em João Batista e em Jesus.
João tentou mostrar Deus no não natural; viveu sem uma casa no deserto, “não comeu nem bebeu”, alimentou-se de gafanhotos e mel silvestre e, de fora para dentro, abateu a alma de uma nação. Uma moralidade imposta: “Vocês não devem fazer isso; vocês devem fazer isso”. Fustigar a vontade. Ele impôs ritos aos homens.
Jesus revelou Deus de dentro do processo da vida. Comeu, bebeu e viveu em casas; usou parábolas extraídas da vida e da natureza; elevou as leis implícitas na vida; mostrou Deus nas coisas regulares, no natural. Ele não parou no natural. Mostrou Deus no extranatural, no sobrenatural. Mas tudo era sobrenaturalmente natural. Ele revelou a Vida dentro da vida. Há uma ligação entre o natural e o sobrenatural. A vida é uma única peça.
Jesus disse que o menor no reino dos céus era maior do que João (Mt 11.11), pois João se aproximava da vida de fora para dentro, e Jesus disse: “O Reino de Deus está entre vocês” (Lc 17.21): em seus nervos, em seus tecidos, em seu sangue, em seu ser como um todo. João apresentou a religião como ascetismo antinatural; Jesus apresentou-a como um naturalismo sobrenatural. A religião de João era contra a vida, e a de Jesus era a favor da vida. A fé que João apresentou negava o mundo e negava a vida. Jesus aceitava o mundo e aceitava a vida. Uma era um não! A outra era um sim! João pregou o batismo de arrependimento, o voltar-se de alguma coisa. Jesus ofereceu o batismo do Espírito, o voltar-se para alguma coisa – algo positivo, receptivo. O movimento de João desapareceu. O movimento de Jesus continua vivo. Pois não se pode viver contra a vida. A resposta à vida não é uma redução da vida, mas uma plenitude interior da vida capaz de dominar a vida exterior.
O produto final do impacto de Jesus na vida dos discípulos foi este: “O Espírito os capacitava” (At 2.4). O final foi a expressão própria por meio do controle do Espírito. Eles eram mais eles mesmos quando eram mais de Deus. Estavam livres de inibições, medos, culpas. Agora podiam ser naturais, sobrenaturalmente naturais.
Ó Cristo, vejo-te tão equilibrado, tão natural, tão vivo e espontâneo. Eu gostaria de ser assim também. Por isso entrego em tuas mãos meu pecado não natural, meu eu não natural que está atado, para estar em liberdade, vivo, alegre e natural. Eu gostaria de ser livre – livre para ser eu mesmo em ti. Amém.
Afirmação do dia: Em ti, eu sou eu mesmo; fora de ti, estou fora de mim.
Retirado de O Caminho [Stanley Jones]. Editora Ultimato.
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