Amai-vos dedicadamente uns aos outros com amor fraternal. Preferindo dar honra a outras pessoas, mais do que a si próprios. [Romanos 12.10]
Tenho andado triste com o que vejo em alguns crentes. Parece-me que o movimento evangélico que propunha uma visão de mundo capaz de trazer a graça, o amor e a valorização pessoal para nossa cultura, tão crítica e dura, está ruindo. Se antes parecia haver luz no fim do túnel, agora a luz está tênue, quase imperceptível. A guerra religiosa substituiu a pregação do amor. A intolerância política parece nos afastar uns dos outros em velocidade vertiginosa. Não sabemos mais dançar juntos. O Brasil parece ter perdido a esperança e a capacidade de conviver com suas próprias diferenças. Neste momento, mesmo com tudo o que sabemos, nós, os crentes, não estamos sendo capazes de fazer a diferença e mudar o rumo das coisas.
Meu coração se apressa em pedir a Deus que a fada não vire quimera. Não podemos tornar em inimigos quem discorda de nós. Criamos demônios muçulmanos, comunistas, fascistas. Não podemos usar a religião para nos separar. Deus não nos constituiu como juízes do mundo, mas como médicos. Juízes apontam da tribuna para o que merece ser levado em consideração ou não, entendido ou não, respeitado ou não. Crentes de verdade, em amor, recolhem cacos do chão e procuram ver vida naquilo que é considerado morte, beleza naquilo que muitos consideram vilipêndio. Um poema de Yehuda Amichai mostra que “Do lugar onde temos razão / jamais crescerão / flores na primavera”. A terra da arrogância espiritual não nutre a vida; em vez disso, apequena-a e mata.
Senhor, que tu livres nosso coração da dureza e nos faças voltar à fertilidade e à suavidade do amor fraternal, que prefere honrar a outros e não a si mesmo.
Retirado de Refeições Diárias – Celebrando a Reconciliação. Editora Ultimato.
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