Nós, os que ensinamos, seremos julgados com mais rigor do que os outros. (Tg 3.1)
É um privilégio enorme ser alçado à posição de ensinar a Palavra. Eu subo ao púlpito e os irmãos se assentam nos bancos da igreja. Eu começo a falar e eles começam a ouvir. Saio de casa para o templo para abrir a Bíblia e pregar. Eles saem de casa para abrir a Palavra e acompanhar a minha pregação. Fui chamado por Deus para fazer isso. Não posso perder a oportunidade. O mundo para, ninguém precisa sair de casa para o trabalho. Por ser domingo, o dia do Senhor, o primeiro dia de uma nova semana, o povo quer e precisa receber o alimento espiritual e se reúne com os outros que têm a mesma intenção, a mesma necessidade. Poucos privilégios são iguais a esse.
O privilégio, porém, não está sozinho. Ele está acompanhado de uma responsabilidade igualmente enorme. Tiago me diz muito acertadamente que eu, na qualidade de mestre, serei avaliado mais por Deus do que pelos irmãos. Na verdade, serei submetido a um julgamento muito mais rigoroso do que o julgamento dispensado aos ouvintes esquecidiços.
Se eu não pregar uma mensagem substanciosa, se eu encher minha pregação de palavras vazias, se eu pretender chamar mais a atenção dos irmãos para minha erudição, para a minha oratória, para a minha gesticulação, para o meu porte no púlpito, para minha importância como mestre – não haverá escapatória: ficarei com a consciência pesada, vou me sentir desqualificado como mestre, terei vergonha de mim mesmo. Se isso não acontecer de maneira mais espontânea, mais leve, serei julgado pelo próprio Deus, com rigor e não com brandura. Isso porque não matei nem a fome nem a sede espiritual da congregação, tomei o tempo dela, mandei-a para casa tão vazia quanto estava ao chegar, ou mais vazia ainda. Pelo menos até o próximo domingo.
Pregar a Palavra é algo muito sério!
Retirado de Refeições Diárias com os Discípulos [Elben César]. Editora Ultimato.
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