O Talibã chegou neste domingo (15) a Cabul e entrou na capital do Afeganistão após horas de cerco e a fuga do presidente, Ashraf Ghani. O grupo extremista, que defendia uma rendição pacífica do governo, afirmou ter tomado controle do palácio presidencial.
Abdullah Abdullah, ex-vice-presidente e chefe do Conselho Superior para a Reconciliação Nacional, disse que Ghani “abandonou a nação”.
Ghani disse que deixou o país para evitar um banho de sangue. Ele afirmou que “incontáveis patriotas seriam martirizados e a cidade de Cabul seria destruída” se permanecesse.
“O Talibã venceu … e agora é responsável pela honra, propriedade e autopreservação de seus compatriotas”, disse ele em um comunicado postado no Facebook.
“Agora eles enfrentam um novo teste histórico. Ou preservam o nome e a honra do Afeganistão ou dão prioridade a outros lugares e redes”, acrescentou.
Segundo a rede egípcia Al Jazeera, um ex-guarda-costas do presidente informou que o Palácio presidencial foi entregue oficialmente ao Talibã.
Um alto oficial do Ministério do Interior afegão disse à agência de notícias Reuters que Ghani embarcou para o Tajiquistão, que faz fronteira com o norte do Afeganistão.
Já o ministro do Interior, Abdul Sattar Mirzakwal, gravou um vídeo em que garante uma “transferência pacífica de poder”.
“Os afegãos não precisam se preocupar, não haverá ataque”, disse o ministro. “Haverá uma transferência pacífica de poder para um governo de transição.”
O cerco do Talibã em Cabul ocorre 20 anos depois de o grupo extremista ser expulso da capital afegã pelos Estados Unidos, que invadiram o país dias após os ataques de 11 de setembro de 2001, e em meio à retirada dos militares norte-americanos do país.
Suhail Shaheen, porta-voz do Talibã, fez um “chamado ao presidente Ashraf Ghani” e a outros líderes para que atuem também em uma “transição pacífica de poder” para o grupo extremista islâmico.
“Nossa liderança instruiu nossas forças a permanecerem nos portões de Cabul, não a entrar na cidade”, disse o porta-voz em uma entrevista à BBC. “Estamos aguardando uma transferência pacífica de poder.”
Shaheen já vem anunciando o que pode ser considerado uma série de “medidas de governo”, mesmo sem o reconhecimento oficial, como o respeito à imprensa, à diplomacia e a autorização para que mulheres possam deixar suas casas sozinhas.
“Asseguramos às pessoas, especialmente na cidade de Cabul, que suas propriedades e suas vidas estão seguras”, disse o porta-voz. (Fonte: G1/Foto: AFP)
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