Quatro anos depois de deixar a Casa Branca, Joe Biden voltará à sede do governo dos Estados Unidos. Mas, desta vez, será ele quem liderará o país.
Biden será o 46º presidente da história dos Estados Unidos e o mais idoso a assumir o cargo — terá 78 anos na data da posse.
Ele derrotou o atual presidente, Donald Trump, ao atingir 273 dos 538 votos do colégio eleitoral americano, segundo projeção da BBC sobre os números já divulgados da apuração.
Sua eleição também representa a volta do Partido Democrata ao comando do país.
Democratas e republicanos vêm se alternando desde que Bill Clinton sucedeu George H. W. Bush em 1993.
A vitória de Biden também consagra uma trajetória política e pessoal marcada pela persistência diante da adversidade.
O começo da corrida eleitoral não foi promissor para Biden.
Ele ficou em quarto na primeira votação da disputa pela indicação democrata, realizada em Iowa, em fevereiro.
“Sempre há esperança”, disse Biden pouco depois. “Sempre há esperança.”
Saiu-se ainda pior na votação seguinte, em New Hampshire. Um quinto lugar. Mas seu desempenho começou a melhorar na terceira disputa, em Nevada, quando ficou em segundo.
A primeira vitória veio na votação seguinte, na Carolina do Sul, e, então, sua candidatura engrenou.
Biden venceu 45 das 53 disputas seguintes, em uma corrida que acabou se polarizando entre ele e o congressista Bernie Sanders.
Garantiu assim que seria o candidato democrata que desafiaria Trump.
“Tenho uma grande consideração pelo destino”, disse Biden em uma entrevista ao National Journal em 1989.
“Nunca fui capaz de planejar minha vida. Cada vez que minha vida pessoal estava indo como eu queria, algo interveio.”
Joe Biden havia acabado de ser eleito para seu primeiro mandato no Senado e estava em Washington entrevistando candidatos para formar sua equipe quando, em 18 de dezembro de 1972, o telefone tocou.
Era seu irmão, Jimmy, avisando que havia ocorrido um acidente com a família e que ele deveria ir para casa.
Ele descobriria mais tarde naquele dia que sua mulher, Neilia, e sua filha, Naomi, de 1 ano, tinham morrido em uma batida no trânsito.
Seus outros dois filhos, Beau, de 3 anos, e Hunter, de 4 anos, ficaram gravemente feridos, mas se recuperaram do acidente.
“Eu não conseguia falar, apenas senti o vazio crescer no meu peito”, escreveu Biden em seu livro de memórias, “como se eu estivesse sendo sugado para um buraco negro”.
Ele disse ter cogitado, naquele momento, desistir do Senado e entrar para o sacerdócio. Ele se viu dando voltas à noite em bairros perigosos, procurando briga.
“Não sabia que era capaz de tanta raiva”, escreveu Biden. “Senti que Deus havia pregado uma peça horrível em mim.”
Até aquele dia, a vida de Biden vinha em uma trajetória ascendente notável.
Biden passou boa parte de sua juventude levando uma vida modesta em Scranton, na Pensilvânia, entre os altos e baixos de seu pai nos negócios.
“Os valores aos quais Biden foi exposto quando jovem estavam enraizados na igreja, na educação católica e na cultura irlandesa-americana em que estávamos crescendo”, disse Bob Casey, senador pela Pensilvânia, cuja família vive em Scranton há muitas gerações.
Seu maior desafio na infância foi superar a gagueira. Em suas memórias, ele diz ter memorizado certa vez uma leitura para evitar gaguejar na aula.
Quando isso inevitavelmente aconteceu, uma professora zombou de sua deficiência, chamando-o de “buh-buh-buh-Biden”.
No fim do ensino médio, ele havia superado a gagueira, após treinar em frente ao espelho por meses para conseguir relaxar o rosto.
Mas esse problema ainda se revela ocasionalmente, quando ele está sob pressão.
“A gagueira não piora à medida que a pessoa envelhece, mas tentar mantê-la sob controle requer muita energia”, escreveu John Hendrickson, em um artigo da Atlantic Magazine sobre a gagueira de Biden. (R7)
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