06/10/1930 – HÁ 92 ANOS ERA ASSASSINADO, DENTRO DA CASA DE DETENÇÃO DO RECIFE, JOÃO DUARTE DANTAS E SEU CUNHADO AUGUSTO MOREIRA CALDAS.
Por Hesdras Souto, presidente do CPDoc-Pajeú e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Pajeú (IHGP).
Trecho do livro: DE PRINCESA A NEW YORK – A história da Revolta de Princesa contada a partir das notícias do jornal The New York Times. Autor: Hesdras Souto
[…] Por volta das 17:30 um sertanejo decidido adentrou a confeitaria Glória pela porta lateral, aproximou-se da roda de amigos em que estava João Pessoa e disse: “Sou Dr. João Duarte Dantas, a quem tanto injuriaste e offendeste” e quando João Pessoa se virou recebeu três tiros à queima-roupa, sem chance de defesa e sem esboçar nenhuma reação, tombando em seguida.
[…]Ao tentar fugir durante a confusão, João Dantas é baleado por Antônio Pontes de Oliveira, chofer de João Pessoa, e detido pelos presentes, sendo conduzido para a Casa de Detenção do Recife.
[…]O Presidente é conduzido às pressas para a Farmácia Pinho, na mesma rua da confeitaria, onde acabou falecendo. Tinha 52 anos, uma esposa e quatro filhos menores.
João Duarte Dantas e Augusto Moreira Caldas, seu cunhado, foram presos e levados para Casa de Detenção. Posteriormente João Dantas é transferido para a Central de Polícia para prestar depoimento. Durante o 1º Inquérito Judicial instaurado para apurar o caso, presidido pelo desembargador João Paes, João Dantas confirma tudo que depôs à polícia:
Sou eu o único responsável pelo acto delituoso que, conscientemente pratiquei”, – “Mas, Dr. Dantas, o sr. commeteu o maior crime do mundo!” – “Sim, Dr. João Paes, depois que recebi a maior affronta do Universo.
[…] Em outubro de 1930 várias cidades da paraíba já estavam ocupadas por forças federais de vários estados do nordeste. O capitão Juarez Távora foi o responsável para chefiar o levante. Na tarde de 3 de outubro a revolução rompeu em Porte Alegre e na madrugada do dia 4 chega à Paraíba.
[…] Quando as forças rebeldes cruzaram a fronteira da paraíba com Pernambuco no início da revolução, João Duarte Dantas e seu cunhado Augusto Moreira Caldas se encontravam presos na Casa de Detenção do Recife. Uma parte dos revolucionários seguiu para lá para buscar vingança.
[…] Além do tenente Agildo Barata, estava o médico Luís de Góis e o tenente Ascendino Feitosa, velho inimigo da família Dantas, o mesmo tenente que saiu corrido da malograda invasão a Teixeira quando prendeu e humilhou vários membros dessa família.
Por volta das 15 horas, do dia 6 de outubro, João Dantas e Augusto Caldas eram sangrados dentro da cela que estavam reclusos.
[…] As vítimas, antes do crime, ainda foram forçadas a escrever bilhetes de despedida como se estivessem comendo suicídio. Algumas fotografias foram feitas da cena, mas elas acabaram sendo usadas tempos depois para desmascarar a farsa do suicídio.
O assassinato de João Pessoa por João Dantas foi o estopim para a Revolução de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder e que mudou a história do nosso Brasil para sempre.
O túmulo de João Duarte Dantas encontra-se no Cemitério da Fazenda São Pedro, zona rural de São José do Egito, de propriedade de sua família.

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